Celular zero cresce nas escolas: mas será que proibir é o melhor caminho?

Diante do uso excessivo de aparelhos celulares pelos alunos e os problemas pedagógicos que ele desencadeia, escolas buscam formas de controlar o porte e uso em seus ambientes. Mas será que proibir é a melhor medida? Entenda.

Recentemente, uma escola na Carolina do Norte, Estados Unidos, ao perceber que alunos do Ensino Médio realizavam até nove intervalos por dia para gravar vídeos no TikTok no banheiro, apostou em uma solução não muito óbvia: retirou os espelhos dos ambientes. Os coordenadores já haviam notado que, em seus longos intervalos, os alunos usavam os espelhos para criar posts para o TikTok.

Segundo informações da WFMY, emissora de TV filiada à CBS, a escola teve uma redução drástica no número de saídas para o banheiro depois da implementação da solução. Mas por que retirar os espelhos e não os aparelhos se eram eles o problema? Porque além dos pais preferirem seus filhos com celular por questões de segurança, a própria escola se vale dos aparelhos para promover o que chamam de “cidadania digital”. Portanto, a solução foi combater as distrações causadas pelas redes sociais.

Mas o que tem acontecido? Por que tem crescido o movimento de escolas que resolveu proibir celulares dentro de suas instituições? Em julho de 2023, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), soltou um relatório onde alertava sobre o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes citando exemplos de países onde o uso é proibido.

“Dados de avaliações internacionais em larga escala sugerem uma correlação negativa entre o uso excessivo das tecnologias de informação e comunicação e o desempenho acadêmico. Descobriu-se que a simples proximidade de um aparelho celular era capaz de distrair os estudantes e provocar um impacto negativo na aprendizagem em 14 países”, destaca a Unesco.

Abre parênteses: quem não viu o vídeo do palestrante inglês Simon Sinek que viralizou falando da nossa reação subconsciente ao assistir alguém falando enquanto essa pessoa tem em mãos um aparelho celular? “O que acontece se eu ficar com o celular na mão enquanto falo com vocês?”, ele pergunta ao público que o assiste. “Eu não estou chegando, ele não está tocando, nada. Estou apenas segurando. Você sente que você é mais importante pra mim agora? Não, você não se sente. Há uma reação no nosso subconsciente que faz com que as pessoas que estão ao redor se sintam menos importante do que o que tenho em mãos”. Fecha parênteses.

A Unesco alerta para diversos riscos, o que incluem a distração e falta de interação humana (olha o que eu falava acima), além invasão de privacidade e da disseminação do ódio. E estes são alguns dos impactos negativos que as escolas brasileiras já têm enfrentado e que tem impulsionado o movimento “celular zero”.

Com o uso quase compulsivo por parte dos alunos, professores e coordenadores no Brasil afora têm quebrado a cabeça ao pensar na presença desses aparelhos dentro do ambiente escolar. Não é fácil decidir pela proibição, medida que pode parecer radical principalmente quando estamos falando com adolescentes do Ensino Médio. O diálogo, os debates e acertos costumam ser um aspecto importante na construção de vínculo entre alunos e educadores, e medidas como esta precisam ser muito bem construídas e conversadas dentro das instituições.

Segundo a especialista em tecnologias na educação, Mariana Orchs, existe um paradoxo na necessidade de promover a autonomia tecnológica das crianças frente às restrições amplas ao acesso a dispositivos e plataformas digitais. Embora o uso excessivo de telas seja um problema sério, proibir seu uso nas escolas impede oportunidades de aprendizado exploratório e crítico sobre tecnologia mediado por educadores. Este ambiente permite desvendar o funcionamento e o impacto social das tecnologias, incentivando a criação de alternativas.

“O objetivo da educação deve evoluir para preparar os jovens para um mundo com informações e tecnologias em rápida mudança, não apenas para o mercado de trabalho. Isso inclui entender como a mídia, o TikTok por exemplo, afeta nossas interações sociais e familiares, enfatizando a importância de envolver as famílias nesse diálogo,” afirma.

Combater o vício em telas é uma iniciativa importante para promover um desenvolvimento saudável, ao mesmo tempo, em que questionamos e propomos soluções criativas para o design tecnológico. “Remover aplicativos dos dispositivos trata apenas os sintomas, não a causa. Devemos ensinar os jovens a navegar nesses espaços de forma saudável e autônoma, preparando-os para uma convivência crítica com a tecnologia, mesmo na ausência de pais ou educadores,” finaliza, Mariana Orchs.

Opção essa da escola Vera Cruz, na zona oeste da capital. Em comunicado às famílias, a escola reconhece o crescente movimento Celular Zero nas escolas, mas reforça a escolha da instituição na promoção de “diversas situações voltadas à reflexão sobre as potencialidades e os riscos envolvidos no uso dessas tecnologias, em particular para crianças e adolescentes”.

Entre 2022 e 2023, a instituição promoveu cinco palestras com especialista e elaborou um material sobre o tema “cidadania digital” que está disponível a toda comunidade escolar. “A Escola Vera Cruz tem se empenhado para transformar as questões da vida digital de seus alunos em um assunto cada vez mais presente em todos os círculos familiares de nossa comunidade. Entendemos que as questões da vida digital devem ser objeto de constante diálogo, e de formação e orientação. Trabalhar para que os alunos tomem consciência das questões que nos atravessam; aprendam a fazer escolhas; ganhem condições de desenvolver autorregulação nas mais variadas frentes de nossa existência; e sejam cada vez mais capazes de assumir a responsabilidade sobre suas próprias vidas são parte estruturante do projeto pedagógico da Escola”, assina a equipe pedagógica.

Acesso limitado Ao analisar outros casos, é possível perceber diferenças nas formas como as escolas estão lidando com o uso do celular pelos alunos. No estado de São Paulo, por exemplo, o ano letivo de 2024 começou batendo de frente com o uso de aparelhos eletrônicos. O governo do estado já restringia o acesso a aplicativos e plataformas digitais sem fins educativos na sala de aula desde fevereiro de 2023 por meio da conexão à internet. A partir de 2024, a proibição se estende para ambientes administrativos da escola.

TikTok, Instagram e serviços de streaming estão entre os aplicativos proibidos. A medida vem em um contexto em que mais de 45% dos estudantes brasileiros relataram se distraírem por causa de dispositivos digitais em todas ou quase todas as aulas de Matemática, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).

Vanessa da Silva, professora e coordenadora da Escola Estadual Francisco Balduino de Souza, diz que orientações sobre o uso do celular partem da Secretaria de Educação do estado. Ela relata que é difícil impedir que os alunos tragam o celular, mas que a escola pode impedir o uso dentro de sala de aula.

“Conforme os alunos foram usando mais o celular, temos queda imensa na questão da concentração. Mesmo que eles nos ouçam e guardem o celular, a gente percebe que os transtornos relacionados à falta de concentração só aumentam”, aponta Vanessa. Ela cita outros problemas como ansiedade e bullying no ambiente virtual.

Sendo a escola um ambiente de formação, há outros fatores que apontam para uma incompatibilidade entre o aprendizado e o uso de aparelhos eletrônicos. “Os estudantes não conseguem compreender muito bem a necessidade de observar o cumprimento de protocolos sociais que envolvem respeito e empatia no mundo virtual”, diz Vandré Teotônio, coordenador do fundamental II e EM

Nesse sentido, a discussão se dá em nível internacional. A Holanda foi outro país que recentemente anunciou a proibição de celulares, tablets e relógios inteligentes nas salas de aula. Na Inglaterra, o secretário de educação baniu totalmente o uso de aparelhos por qualquer faixa etária.

Proibição é o caminho? No colégio Oswald de Andrade, o caminho adotado foi este. A partir do ano letivo de 2024, celular só é permitido guardado na mochila ou no armário. Na sala de aula, a proibição é estrita em uma “regra quase autoritária”, definiu a coordenação.

“O trabalho proposto pela sala de aula é essencialmente analógico, é o pensamento e o corpo que estão ali. Os estímulos que vêm de fora instauram um tempo de atenção que atrapalha a aprendizagem e retira as pessoas da cena”, diz Laura Nassar, coordenadora do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio.

No entanto, há espaço para conciliação. Os educadores reconhecem que o uso de dispositivos eletrônicos e de redes sociais é massificado lá fora. Principalmente após a pandemia, quando, mais do que nunca, a realidade passou a ser mediada por telas. Por isso, o caminho encontrado é instruir os alunos para o uso saudável desses recursos que a tecnologia oferece.

No colégio Oswald de Andrade, por exemplo, o celular só é aceito para fins pedagógicos. Além de reflexões sobre os impactos do uso da internet na sociedade, a escola também se apoia nas ferramentas práticas trazidas pela tecnologia. É o caso de enquetes, programas de edição de vídeo, bases de dados e leituras online. “Muito do que é feito na escola hoje pode passar pelo digital, cabe à escola decidir o que vai para o digital e o que fica mais no analógico”, explica Laura.

Apesar de autorizar o celular somente em horários de intervalo e descanso, o colégio Giordano Bruno também encontrou espaço para abordar a tecnologia de forma propositiva: “Em relação aos estudantes, notamos que a abordagem da educação digital tem surtido efeito muito mais eficiente se comparado à proibição. O modo como o jovem utiliza facilita o acesso a ele para que eles tenham uma autocrítica”, diz Vandré Teotônio.

Entre aqueles que trabalham diretamente na área, foi consenso que as decisões dependeram de muita observação e discussão. De forma geral, tanto a família quanto os próprios alunos entenderam a importância das restrições.

Para Daniel Helene, coordenador do fundamental II da escola Vera Cruz, o uso do celular aumentou com o passar do tempo. Isso impactou na forma que os pais perceberam o tema: “Ao longo do tempo, parece que aumentou a consciência social sobre os riscos e dramas reais envolvidos com os celulares na vida mais ampla, essa tomada de consciência também é das famílias”, ele diz lembrando que a escola e a família devem trabalhar esse tema com os mais jovens.

“É importante que a escola desenvolva um currículo de tecnologia consciente, que garanta aprendizagens fundamentais. Nem todas essas aprendizagens dependem de o aluno ter celular, mas a escola também precisa se organizar”, diz Daniel.

Fato é que chegamos num ponto em que perdemos o controle – se é que um dia tivemos – e a proibição, apesar de impositiva, parece ser uma solução importante neste momento em que o uso precisa ser contido e as relações sociais precisam ser retomadas. Como fazer isso se a todo momento temos um celular na mão ou em cima da mesa? Como reaprender a olhar nos olhos do outro e escutá-lo, ter uma conversa?

Talvez neste primeiro momento, a proibição seja uma forma de contenção importante. Algo como “para tudo e vamos começar de novo”. Em meio ao cenário em que todos – todos – estamos aprendendo a lidar e a nos livrar do vício, pode ser um caminho. Veremos – e oremos.

Fiquem atentos, vamos ter um Eclipse Lunar parcial no dia 28 de Outubro de 2023, deixando a lua totalmente avermelhada

No próximo dia 28 de outubro de 2023, entusiastas da astronomia e curiosos de todo o mundo têm um motivo especial para olhar para o céu noturno. Nesta data, teremos a oportunidade de testemunhar um Eclipse Lunar parcial que promete ser um espetáculo único. Este evento celeste será o maior eclipse lunar a ocorrer até 2025, e aqui detalhamos o que se pode esperar.

Um eclipse lunar parcial ocorre quando apenas uma parte da Lua é coberta pela sombra da Terra. Nesse caso, a Lua não será totalmente encoberta, como acontece em um eclipse lunar total, mas sim apenas uma fração dela estará na penumbra terrestre. Isso cria um cenário fascinante, onde observadores podem ver a Lua assumindo diferentes tons devido à obstrução parcial.

O eclipse lunar de 28 de outubro de 2023 é especial por uma razão: sua magnitude. Este evento será o maior eclipse lunar a ocorrer até 2025, o que significa que a Lua ficará coberta por uma grande porção da sombra da Terra. Isso proporcionará um espetáculo visual notável para aqueles que acompanharem o fenômeno.

Para observar o eclipse lunar parcial, não é necessário equipamento especializado. Basta encontrar um local com visão desobstruída do céu noturno, longe da poluição luminosa das cidades, e olhar para a Lua à medida que ela se move para a sombra da Terra. Eventos como esses são uma ótima oportunidade para aprender mais sobre astronomia e apreciar a beleza do cosmos.

Fonte: https://www.instagram.com/terrafatos/

Como pesquisadores concluíram que núcleo da Terra ‘freou’

Há muitos mistérios sobre o que acontece nas profundezas da Terra

O núcleo da Terra é um dos componentes mais misteriosos do nosso planeta e muitas vezes surgem pesquisas surpreendentes sobre esse assunto.

A mais recente delas sugere que o núcleo do planeta parece ter desacelerado de ritmo e poderia até estar girando na direção oposta à da superfície.

Isso não é o prenúncio do apocalipse, mas poderia influenciar a velocidade de rotação da Terra, causar pequenas mudanças na duração dos dias e alterar o comportamento magnético. Mas essas são apenas algumas hipóteses. Ainda é preciso mais estudo sobre o fenômeno.

“Percebemos evidências contundentes de que o núcleo da Terra tem girado mais rápido do que a superfície, mas por volta de 2009 isso parou”, diz o geofísico Song Xiaodong, da Universidade de Pequim, um dos autores do novo estudo publicado esta semana na revista Nature Geoscience.

O núcleo da Terra é uma esfera de ferro e níquel com um raio de 1.221 km e muito calor. A temperatura interna de 5.400 °C é próxima da do Sol (5.700 °C).

O núcleo é rodeado por uma espessa camada de metais líquidos conhecida como núcleo externo.

Há décadas cientistas tentam entender exatamente como o núcleo gira.

O que diz o novo estudo?

O núcleo da Terra já foi chamado de uma espécie de “planeta dentro de um planeta”. Como ele flutua em uma espessa camada de líquido, ele pode girar de forma independente da superfície.

É difícil estudar o núcleo com precisão. Ele fica a mais de 5 mil km abaixo de nossos pés. O pouco que sabemos vem da medição de pequenas diferenças nas ondas sísmicas geradas por terremotos e explosões nucleares.

Não é possível saber exatamente o que acontece no núcleo da Terra

Os autores do novo estudo, Song Xiaodong e Yang Yi, analisaram as vibrações de diferentes terremotos nas últimas seis décadas.

A teoria deles não só defende que “o núcleo interno gira de um lado para o outro como se fosse um balanço [de parquinho infantil]”, mas que isso acontece em ciclos de sete décadas, com mudanças no sentido da rotação a cada 35 anos, em média.

Eles sugerem que a última vez que houve uma mudança de direção foi no início da década de 1970. A próxima mudança ocorreria em meados da década de 2040.

Ou seja, isso não seria um fenômeno novo.

Os pesquisadores disseram que essa rotação coincide aproximadamente com as mudanças na duração do dia, que são pequenas variações no tempo exato que a Terra leva para girar ao redor de seu eixo.

Opiniões contrárias

Até agora não há muitas evidências sobre a influência do comportamento do núcleo na superfície, embora os pesquisadores acreditem que existam vínculos físicos entre todas as camadas da Terra.

Yang e Song esperam que suas descobertas “motivem os pesquisadores a construir modelos experimentais que tratem a Terra como um sistema dinâmico integrado”.

Outros especialistas, no entanto, se mostram mais cautelosos em relação a esse estudo, citando outras teorias e alertando sobre os muitos mistérios do núcleo da Terra.

Cientistas usam as vibrações dos terremotos para estudar o núcleo da Terra

Uma das grandes questões é como conciliar a desaceleração descrita por Yang e Song com as mudanças mais rápidas apontadas em outros estudos.

John Vidale, um sismólogo da University of Southern California, publicou uma pesquisa no ano passado indicando que o núcleo da Terra oscila de direção em um ritmo muito maior — a cada seis anos ou mais. Ele baseou-se em ondas sísmicas causadas por duas explosões nucleares na década de 1970.

Hrvoje Tkalcic, geofísico da Australian National University, publicou outra pesquisa sugerindo que os ciclos de rotação do núcleo da Terra duram entre 20 ou 30 anos, em vez de 70.

Dada a discrepância nos modelos, Vidale prevê “mais surpresas” sobre o misterioso coração do nosso planeta.

– Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-64397212

Céu de 2023 | Conjunções de planetas e eclipse solar são destaque neste ano

Por Patrícia Gnipper | 18 de Janeiro de 2023 às 18h00

Pete Linforth/Pixabay

O ano de 2023 está repleto de eventos astronômicos incríveis para se admirar no céu — muitos deles visíveis a olho nu aqui no Brasil. Entre eles, destacam-se algumas conjunções planetárias e um eclipse solar, além das chuvas de meteoros que se repetem todo ano mais ou menos na mesma época.

Grande parte dos eventos do ano poderá ser observada a olho nu, sem a necessidade de binóculos ou lunetas. Mas, se você tiver algum instrumento do tipo em mãos, poderá conferir Marte brilhando próximo de um aglomerado estelar, entre outras boas oportunidades.

Abaixo, você confere os grandes eventos astronômicos de 2023!

Eventos astronômicos de janeiro

Conjunção entre Vênus e Saturno (22/01)

O primeiro mês do ano traz uma bela “dança cósmica” entre a Lua, Vênus e Saturno. No dia 22, logo após o pôr do Sol, os planetas ficarão próximos, discretamente acompanhados pela Lua recém-saída da fase nova.

Para conferir a conjunção, será preciso ter visão livre na direção oeste. Para diferenciá-los, tenha em mente que Vênus estará bastante brilhante, ofuscando Saturno.

Conjunção de Vênus, Saturno e a Lua (23/01)

Ainda no dia 23, vale a pena ficar de olho no céu cerca de uma hora após o pôr do Sol: naquele momento, você verá a Lua crescente bem fina nascendo na direção sudoeste, e logo abaixo dela, estarão Vênus e Saturno, que podem ser encontrados no mesmo horário e direção do dia anterior.

Os planetas estarão separados por apenas um grau de distância (aproximadamente a largura do seu dedo indicador com o braço esticado), convidando observações com binóculos e lunetas. Por fim, uma última dica: observe-os rapidamente antes que a dupla celestial mergulhe sob o horizonte!

Eventos astronômicos de fevereiro

Cometa C/2022 E3 (ZTF) atinge seu ponto mais brilhante (01/02)

Cometa ZTF fotografado durante o início de janeiro de 2023 (Imagem: Reprodução/Stuart Atkinson/SkyatNight)

O novo mês começa com a beleza do cometa C/2022 E3 (ZTF). Ele está seguindo rumo ao interior do Sistema Solar, e no dia 1º atingirá seu ponto mais brilhante, passando por nosso planeta a apenas 0,28 unidades astronômicas na constelação de Camelopardalis.

Para observá-lo, será preciso aguardar até o dia 2: ele aparecerá na direção nordeste por volta das 19h30 seguindo ao norte. Ao longo do mês, o cometa ficará cada vez mais alto no céu, facilitando as observações.

De acordo com diferentes estimativas, a magnitude do ZTF poderá ficar entre 5,1 e 7,35, tornando-o visível com binóculos ou até a olho nu.

Júpiter e Vênus se aproximam (22/02)

Na sequência, será possível observar o início de uma grande aproximação entre Júpiter e Vênus no dia 22. A conjunção entre os planetas acontece somente em março, e enquanto ela não chega, você pode acompanhar a Lua entre ambos no início da noite.

Para encontrá-los, observe o céu após o pôr do Sol na direção sudoeste. Depois, procure a Lua crescente e você a encontrará próxima de Júpiter. Já Vênus estará posicionado um pouco abaixo no céu.

Quem estiver mais na direção sul da América do Sul poderá até acompanhar uma ocultação lunar, formada pela Lua passando brevemente à frente de Júpiter. Já para o restante do mundo, os dois corpos celestes vão oferecer um espetáculo impressionante no céu, aparentando estar a apenas um grau de distância um do outro.

Eventos astronômicos de março

Conjunção de Júpiter e Vênus (01/03)

Conjunção de Júpiter e Vênus (Imagem: Captura de tela/Stellarium)

O início de março trará duas oportunidades de observar Júpiter e Vênus. A primeira ocorre já no dia 1, quando os planetas vão aparecer brilhantes e juntos no céu na direção noroeste logo no início da noite. Eles estarão a meio grau de distância aparente um do outro, próximos o suficiente para observações com lunetas simples.

Já no fim da madrugada será possível observar Mercúrio e Saturno brilhando na direção leste. Se você acompanhar o movimento Vênus e Júpiter, vai perceber que eles se aproximam de pouco a pouco na direção sudoeste.

Equinócio de outono (20/03)

Os solstícios aparecem na esquerda, e os equinócios, na direita (Imagem: Reprodução/NASA/Robert Simmon)

equinócio ocorre às 18h25 no horário de Brasília, sinalizando a chegada do outono no hemisfério sul e o início da primavera no hemisfério norte. Neste dia, ambos os hemisférios recebem aproximadamente a mesma quantidade de luz do Sol.

Eventos astronômicos de abril

Eclipse solar híbrido total (20/04)

Durante os eclipses solares, a Lua bloqueia a luz do Sol (Imagem: Reprodução/Oregon State University)

O primeiro eclipse do ano será solar híbrido total, um tipo bastante raro. Ele ocorrerá às 22h36 no horário de Brasília, ou seja, infelizmente não será visível no Brasil, mas poderá ser observado na totalidade em parte da Austrália e Indonésia; já na Micronésia, o fenômeno será anular.

Durante o eclipse, a Lua passará à frente do Sol formando um eclipse anular, que depois se tornará total. Depois, conforme a Lua se move, o eclipse se torna anular novamente, sendo finalizado a cerca de três mil quilômetros a leste do Havaí.

Pico da chuva de meteoros Líridas (23/04)

Meteoro da chuva das Líridas fotografado em 2015 (Imagem: Reprodução/Centro de Voo Espacial Marshall)

A chuva de meteoros Líridas ocorre entre os dias 16 e 25 de abril, com pico previsto para acontecer por volta dos dias 22 e nas primeiras horas da madrugada do dia 23. Como a Lua crescente vai se pôr na noite anterior, o céu estará escuro o suficiente para observar os meteoros.

Para encontrá-los, procure o radiante (a direção de onde os meteoros parecem vir) na constelação de Hércules por volta da meia-noite, no horário de Brasília. Às vezes, os meteoros Líridas explodem, formando rastros luminosos incríveis. Será que haverá algo do tipo neste ano? A única forma de saber é olhando o céu!

Eventos astronômicos de maio

Eclipse lunar penumbral (05/05)

Lua fotografada durante um eclipse lunar penumbral em 2020 (Imagem: Reprodução/Rehman Abubakr)

Neste dia, a Lua se moverá através da penumbra projetada pela Terra, a parte mais externa de sua sombra. Durante o eclipse lunar penumbral, nosso satélite natural ficará um pouco mais escuro, de modo que é difícil perceber a mudança até com telescópios.

O eclipse ocorrerá das 12h45 e 16h32 no horário de Brasília, e será visível somente para observadores na África, Oceania, Ásia, Europa Oriental e Grécia.

Chuva de meteoros Eta Aquáridas (06/05)

Chuva de meteoros Eta Aquáridas fotografada no Brasil em 2022 (Imagem: Jocimar Justino de Souza)

O pico da chuva de meteoros Eta Aquáridas, formada por detritos do cometa Halley, ocorrerá entre entre a meia-noite e o amanhecer dos 6 e 7 de maio. Para observar os meteoros, fique atento na direção da constelação de Aquário.

As estimativas apontam uma taxa de 50 meteoros a cada hora, viajando a cerca de 66 km/s e deixando um rastro brilhante e duradouro no céu.

Conjunção de Júpiter e Mercúrio (17/05)

Por volta das 5h30 da madrugada, haverá um belo encontro de Júpiter, Mercúrio e a Lua com apenas 6% de iluminação. Para encontrar os astros no céu, procure-os na direção leste, e você os verá quase alinhados.

Conjunção de Vênus, Lua e Marte (23/05)

Conjunção da Lua, Vênus e Marte (Imagem: Captura de tela/Stellarium)

Neste dia, você poderá acompanhar a Lua crescente acompanhada por Vênus e Marte logo no início da noite. O trio permanecerá visível até às 20h, aproximadamente.

Ao observar os corpos celestes com binóculos, você perceberá que a Lua estará acompanhada pelas estrelas Castor e Pollux, da constelação de Gêmeos. Se perder esta conjunção, não se preocupe: nos dias 21 e 22 de junho, o trio estará reunido novamente no céu.

Eventos astronômicos de junho

Marte e o Aglomerado da Colmeia (02/06)

Representação de Marte e Vênus por volta das 18h (Imagem: Captura de tela/Stellarium)

Durante a noite do dia 2, Marte ficará pertinho do aglomerado estelar Beehive, ou Aglomerado da Colmeia. Ele abriga cerca de mil estrelas e fica a aproximadamente 600 anos-luz da Terra na constelação de Câncer, o Caranguejo.

Para observá-los, espere cerca de uma hora após o pôr do Sol e procure Vênus até encontrar Marte, com seu brilho avermelhado. Se você usar binóculos ou um telescópio para observar o Planeta Vermelho, verá também o aglomerado.

Conjunção da Lua, Marte e Vênus (21/06)

Neste dia, você terá uma nova oportunidade de conferir a conjunção entre a Lua, Marte e Vênus. Os corpos celestes vão se encontrar durante o início da noite, mudando ligeiramente de posição aparente de um dia para o outro.

Solstício de junho (21/06)

O solstício de junho ocorrerá às 11h58 e marca o início do inverno no hemisfério sul, enquanto o hemisfério norte inicia o verão.

Neste dia, os observadores no hemisfério sul vão experimentar o dia mais curto do ano, com a menor quantidade de luz solar. Já aqueles no hemisfério norte terão o dia mais longo do ano.

Eventos astronômicos de julho

Superlua cheia (03/07)

Comparação do tamanho aparente da Lua durante o apogeu e perigeu (Imagem: Reprodução/Vox)

Às 8h39, você poderá conferir uma superlua na constelação de Sagitário. O nome “super” vem da fase cheia coincidindo com a aproximação da Lua com o perigeu, o ponto em que ela fica mais próxima da Terra em sua órbita elíptica.

Durante a superlua, nosso satélite natural aparenta ser maior e mais brilhante que a Lua cheia “comum”.

Conjunção de Vênus e Mercúrio (27/07)

Neste dia, Vênus e Mercúrio estarão em uma nova conjunção no céu. Eles aparecem na direção oeste desde o início da noite e permanecem visíveis até 19h15, aproximadamente. A dupla estará visível a olho nu, mas pode ser enquadrada facilmente no campo de visão de um telescópio.

Pico da chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul (30/07)

Diversos meteoros da chuva Delta Aquáridas brilham nesta foto (Imagem: Reprodução/Makrem Larnaout)

A chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul começa no dia 12 de julho e seguirá visível até o dia 23 de agosto, com pico previsto para ocorrer por volta de 30 de julho. Este é um fenômeno melhor observado no hemisfério sul, e para ver os meteoros, procure o radiante deles na constelação de Aquário.

Em condições ideais, é possível observar cerca de 25 meteoros por hora. Entretanto, a Lua estará 89% iluminada e ofuscará a visão das rochas menos brilhantes, de modo que o ideal é observar os meteoros após nosso satélite natural se pôr e antes de o Sol nascer.

Eventos astronômicos de agosto

Superlua (01/08)

O novo mês começa com uma superlua já no dia 1º, quando nosso satélite natural ficará pertinho da Terra. Já a próxima ocorrerá no dia 30.

Pico da chuva de meteoros das Perseidas (13/08)

A chuva de meteoros Perseidas vem de detritos do cometa Swift-Tuttle (Imagem: eprodução/NASA/JPL)

A chuva dos meteoros Perseidas começou em julho, mas se estende até agosto e tem pico previsto para ocorrer por volta do dia 13. Para conferir os meteoros, procure o radiante da chuva na constelação Perseus por volta da meia-noite. Desta vez, a Lua estará na fase minguante, sem ofuscar a visão dos meteoros.

Formada por detritos deixados pelo cometa 109P/Swift-Tuttle, esta é uma das chuvas de meteoros anuais mais espetaculares. Ela é melhor observada no hemisfério norte, e pode proporcionar até 60 “estrelas cadentes” a cada hora.

Superlua Cheia Azul (31/08)

A segunda superlua cheia do mês ocorrerá na constelação de Capricórnio, às 15h31 no horário de Brasília. O nome vem do inglês, e se refere à raridade da ocorrência de duas fases cheias lunares durante um único mês.

Eventos astronômicos de setembro

Equinócio de primavera (23/09)

O equinócio de setembro ocorre às 3h50, marcando o início da primavera no hemisfério sul e o início do outono no hemisfério norte. Neste dia, ambos os hemisférios da Terra recebem aproximadamente a mesma quantidade de luz solar.

Superlua cheia (29/09)

Outra superlua ocorrerá no dia 29 às 6h57, na constelação de Peixes. Neste dia, a Lua estará na fase cheia enquanto chega ao perigeu, o ponto de maior proximidade do nosso planeta ao longo de sua órbita.

Eventos astronômicos de outubro

Eclipse solar anular (14/10)

Durante os eclipses solares anulares, surge um “anel de fogo” (Imagem: Reprodução/Marek Okon/Unsplash)

Em 14 de outubro, observadores nos Estados Unidos, México, Belize, Honduras, Nicarágua, Panamá e Colômbia vão poder observar a Lua cobrindo o centro do Sol durante um eclipse solar anular, formando uma espécie de “anel de fogo” ao redor do nosso astro. O fenômeno será visível em uma pequena parte do Brasil.

O eclipse começa às 12h05 no horário de Brasília e seguirá até às 17h55. Não se esqueça de usar proteções adequadas para observar o eclipse em segurança!

Pico da chuva de meteoros Orionídas (22/10)

Chuva de meteoros Orionídas fotografada em 2022 (Imagem: Jocimar Justino/BRAMON)

Causada por detritos do cometa Halley, a chuva de meteoros Orionídas começa no dia 2 de outubro e seguirá até o dia 7 de novembro, com pico estimado para ocorrer por volta do dia 22 de outubro. Procure o radiante dela por volta da meia-noite na constelação de Orion.

A Lua estará com 49% de iluminação, mas vai se pôr logo após a meia-noite, sem afetar as observações dos meteoros. Em condições ideais de observação distante da poluição luminosa, é possível ver até 20 meteoros por hora.

Eclipse lunar parcial (28/10)

Das 16h36 às 17h53, parte do disco lunar estará escurecida enquanto é coberta pela umbra projetada pela Terra. Este eclipse lunar parcial pode ser observado no lado noturno do nosso planeta, como a África, Oceania e Ásia.

O eclipse lunar parcial de outubro não será visível no Brasil.

Eventos astronômicos de novembro

Pico de chuva de meteoros Leônidas (18/11)

A chuva de meteoros Leônidas ocorre na direção da constelação de Leão (Imagem: Reprodução/Koen Miskotte)

Esta chuva começa no dia 6 de novembro e segue até o dia 30, com pico previsto para acontecer por volta do dia 18. Você poderá observá-la procurando o radiante na constelação de Leão um pouco antes da meia-noite.

Causada pelo cometa periódico 55P/Tempel-Tuttle, esta chuva pode oferecer até 10 meteoros por hora.

Eventos astronômicos de dezembro

Pico da chuva de meteoros Gemínideas (13/12)

O ano se encerra com mais uma chuva de meteoros (Imagem: Reprodução/Arman Alcordo Jr/Pexels )

Conforme o ano se aproxima do fim, você pode acompanhar uma das chuva de meteoros mais regulares da natureza. A chuva de meteoros Gemínideas ocorre entre os dias 4 e 17 de dezembro, com pico estimado para acontecer por volta de 14 de dezembro — e, felizmente, o pico acontecerá logo após a Lua nova, facilitando a observação até dos meteoros com brilho mais fraco.

Para observá-la, procure o radiante na constelação de Gêmeos a partir das 21h. Neste ano, os astrônomos estimam que a chuva deverá possibilitar a observação de até 120 meteoros por hora entre as noites de 13 e 14 de dezembro.

Solstício de dezembro (22/12)

Finalmente, chegamos ao solstício de dezembro. O fenômeno ocorre às 00h28 no horário de Brasília, marcando o início do verão no hemisfério sul, enquanto o hemisfério norte começa seu inverno. Este será o dia mais longo do ano no hemisfério sul, e no norte, o mais curto.

Fonte: https://canaltech.com.br/espaco/ceu-de-2023-conjuncoes-de-planetas-e-eclipse-solar-sao-destaque-neste-ano-236372/